"Não se possui o que não se compreende" Goethe
A vida dos outros segue e minha sina se repete. Deveria me contentar - e o faço - com a mera companhia dela: agradável, interessada, admirada, sorriso amplo e onipresente.
Finjo sentimentos fraternais. Não que não os tenha, não é o caso que eu não lhe deseje um bem desinteressado, não erótico. Mas é impossível lutar contra o grito incalável de sentimentos de escala astronômica.
Pego-me pensando. Surpreendo-me. O que parecia estar superado volta à baila. Sua imagem angelical, sutil, quase lânguida, mesclada a um gosto estético moderno - que para minha própria surpresa, confesso -, me fascina, habita meus sonhos, invade meus pensamentos e reforça minha distração digna daquela atribuída a Tales e Sócrates.
Vejo aquele tom semi-rúbeo em toda parte, que titubeia entre o celestial e o pecaminoso, o santo e o tentador.
Porém, a mim só resta o falho projeto de poeta e prosador e, talvez, ainda que inconscientemente, a admissão que existem outros mais merecedores que eu. Que obtém êxito sem maiores filosofias ou poesias, sem elucubrações exóticas. Explicando em termos kantianos: parabéns àqueles que pôem as intuições à frente dos conceitos. Conceitos demais só atrapalham.
Só resta engavetar, como sempre, sentimentos desta espécie e entrar em estado de júbilo solitário e contido sempre que a vejo.
É a ressurreição do "eu não gosto de quem gosta de mim/ quem eu gosto de alguém que não gosta de mim".
É a ressurreição do "eu não gosto de quem gosta de mim/ quem eu gosto de alguém que não gosta de mim".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
1. Seja polido;
2. Preze pela ortografia e gramática da sua língua-mãe.