Os feriados, especialmente os religiosos, tornam-se cada vez mais entediantes, mais chatos e mais solitários. Esta última qualidade não sei se deve ser exaltada ou a mais lamentada.
Perderam o sentido - que, em realidade, nunca tiveram - e agora não consigo atribuir nenhum outro a eles. Quanto mais tempo ocioso, mais ela permeia meus pensamentos, os domina. Em verdade, ela, tal como os átomos, compõe meu pensamento. Ela é a matéria bruta do meu raciocínio.
Tento entorpecer a mim mesmo das mais variados formas: ocupações desocupadas, o substrato teórico do imperativo categórico, o kantismo. Schopenhauer, nessas horas, é uma tentação. Cioran é mais pragmático nesse sentido. Proust caíria como uma luva. Mas e quando este estoque acabar??
Isso costuma funcionar por 360 dias do ano, mas, nos feriados, parecem perder o efeito. Por quê? Não sou capaz de dizer.
A pergunta que martela minha mente:
E quando toda minha vida se tornar um grande feriado? Uma grande páscoa, um grande natal?
Quando, verdadeiramente, só me restar, pensar, imaginar, torcer? Quando o estoque de Proust acabar? Quando já tiver rejeitado (caso o tenha), a solução adotada pelo schopenhaurianos?
Nessas horas, de que adianta conhecer o imperativo categórico? Poder reconstruir mentalmente a dedução transcendental? Acompanhar a firmação das 13 certeza cartesianas? Nada...
Solução...
Fugir? Para onde? Não se foge dos pensamentos...
Agir? Não, não, esse nunca foi o meu forte, sempre espectador desinteressado...
Out of Reach...
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