Por Estadão,
A desvalorização do real em relação ao dólar fez o Brasil perder o
sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo. Considerando o
desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no 4º trimestre de 2011, e no
1º, 2º e 3º trimestres deste ano, o País voltou para a sétima posição,
atrás do Reino Unido. A atividade econômica brasileira em marcha lenta
foi decisiva para que a distância entre os dois países subisse para a
casa dos US$ 200 bilhões, o equivalente ao PIB da Romênia.
A Economist Intelligence Unit (EIU), responsável pelo levantamento,
calcula que a economia do Brasil só voltará a ultrapassar a britânica em
2016. "Segundo nossas estimativas, o País vai continuar crescendo mais
do que o Reino Unido ao longo desses anos, mas, levando em conta a
evolução da taxa de câmbio projetada para o período, o Brasil só voltará
a ser sexto em 2016", explicou o economista da EIU responsável pela
América Latina, Robert Wood.
A EIU, braço de análise da revista britânica Economist, considera no
levantamento apenas o PIB nominal dos países (resultado da soma das
riquezas produzidas) convertido em dólar. Por isso, na 'disputa'
Brasil/Reino Unido, pesou a expressiva desvalorização do real ante a
moeda americana em 2012. Até sexta-feira, o dólar ganhava quase 12% na
comparação com o real. No mesmo período, a libra esterlina acumulava
valorização de quase 4% em relação à moeda americana.
Como é inimaginável que o Brasil cresça os cerca de 16% que
compensariam o desempenho das taxas de câmbio no ano, o País perderia a
sexta posição do ranking de qualquer forma. No entanto, se o desempenho
da economia brasileira fosse melhor, a diferença entre os dois países
seria inferior aos quase US$ 196 bilhões de hoje.
Diferentes réguas. O Brasil cresceu 0,7% de janeiro a setembro deste
ano, enquanto o Reino Unido registrou estagnação no período. Caso o
Brasil tivesse crescido no mesmo ritmo de outros pares
latino-americanos, como Chile e Peru, que vêm se expandindo na casa dos
5%, teria encurtado a distância.
O PIB nominal em dólar é apenas uma das métricas usadas para medir o
tamanho e o dinamismo de uma economia. "Vários estudos apontam que,
quanto maior é uma economia, mais atraente é para investimentos
estrangeiros", disse o professor de economia do Insper Eduardo Correia.
"Nesse quesito, portanto, o Brasil está bem. Mas em várias outras
medidas deixamos a desejar."
Correia lembra que, no ranking do Banco Mundial que mede o PIB per
capita, o Brasil ocupa apenas a 75ª posição. "No caso dos rankings que
mensuram a qualidade da educação, a situação é ainda pior: o Brasil está
no 88º posto."
Independentemente da métrica escolhida, é consenso que o Brasil
precisa crescer mais rápido para melhorar as condições de vida da
população, o que se refletirá nos diferentes rankings comparativos.
"Várias questões que contribuíram para a expansão mais forte do Brasil
nos últimos anos não estão mais soprando a favor", disse Wood,
referindo-se ao "boom" dos preços das commodities, mercado de trabalho
favorável e mudança estrutural no crédito. "Daqui para a frente, o País
precisa ter ganhos de produtividade, o que passa por um menor ativismo
do Estado, entre outros fatores."
O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, vai na
mesma linha. Para ele, o governo brasileiro precisa de uma agenda que
resulte em mais investimentos na economia. "Não vamos mudar nossa
situação no curto prazo, mas é preciso um esforço grande para aumentar a
produtividade e a competitividade do País."
Rosa observa ainda que a média de crescimento do PIB nos dois
primeiros anos do governo Dilma é inferior a 2% ao ano - 2,7% em 2011 e
1% estimados para 2012. Para o ano que vem, o economista da Sul América
projeta alta de 3,3% do PIB, o que elevaria a média anual para 2,3%.
"A queda do Brasil no ranking mundial das maiores economias decorre,
principalmente, da taxa de câmbio. Mas, independentemente disso, o
desempenho da economia tem sido fraco."
Para Correia, do Insper, se o Brasil mantivesse uma média de
crescimento anual ao redor de 3%, conseguiria, pouco a pouco, reduzir a
distância para as economias mais bem colocadas no ranking. "Não importam
muito as variações de curto prazo da economia, mas seu desempenho em um
período mais longo de tempo", comentou.
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