Por Instituto Millenium,
O ano de 2012 se encerrou de forma absolutamente normal no Congresso
Nacional. Em sua última sessão, o Senado aprovou um trem da alegria para
os Três Poderes, com a criação de milhares de cargos numa só canetada. É
normal porque a caneta era de José Sarney, companheiro de Dilma
Rousseff, uma aliança que, todos sabem, serve ao Brasil de todos – todos
os que fizeram as amizades certas. Se você está fora dessa, terá de
cumprir em 2013 o destino trágico dos reles mortais, esses infelizes que
não têm uma Rosemary para chamar de sua – e que ainda fazem uma coisa
primária que os companheiros revolucionários não precisam mais fazer:
trabalhar.
Mas não se desespere. A vida dos excluídos (do banquete petista) tem
lá suas compensações. É bem verdade que você nunca verá um filho seu
ficar famoso da noite para o dia por ter arranjado uma boquinha na Anac
ou no Senado. Nunca o convidarão, também, para uma reunião com José
Dirceu para “reforçar o Marco Maia”.
Enfim, você não tem a menor importância na República do Oprimido, mas
nem tudo são espinhos. Ninguém lhe pedirá para cantar “olê, olê, olê,
olá, Lula, Lula” em desagravo ao filho do Brasil – o que já é um vidão.
Em 2013, o Brasil sofrerá novos apagões, provocados por raios
neoliberais e elitistas. A tarifa populista de energia será implantada,
ajudando a sucatear as empresas do setor, que por isso investirão menos
ainda em manutenção – mas os blecautes não terão nada a ver com isso. O
ministro Edison Lobão explicará que nosso sistema é um dos melhores do
mundo e que essa mania de ter luz o tempo todo é coisa de burguesia
consumista. Sarney ficará orgulhoso de seu afilhado – e pedirá a
Roseana, com jeito, que deixe Lobão governar um pouquinho o Maranhão
(“Filha, agora descansa e deixa seu colega brincar também.”).
A inflação em 2013 continuará subindo, e a aprovação a Dilma também.
Explica-se o paradoxo: a principal causa da subida dos preços será um
novo aumento explosivo dos gastos públicos, incluindo a distribuição de
mais dinheiro de graça para a população – através dos programas
carinhosos, o Bolsa Tudo. É a “destruição invisível” da economia
nacional, que em 2013 será caprichada, porque em 2014 tem eleição. Os
simpatizantes do governo popular ficarão felizes com a farta
distribuição de bolsas, cargos, convênios a granel para os ministérios
parasitários, e Dilma marchará tranquila para a reeleição. Aécio Neves
assistirá a tudo escondido nas Alterosas e rezando para que Eduardo
Campos o ultrapasse na corrida para não chegar.
Joaquim Barbosa, o redentor, fará muitos comícios sociais na
presidência do Supremo, deixando pela primeira vez os brasileiros na
dúvida: talvez exista outro ser tão bonzinho quanto Lula da Silva.
Barbosa evidentemente será mordido pela mosca azul, mas o eleitor
acabará ficando mesmo com o pacote Lula/Dilma, para não arriscar a
mesada (o mensalão popular).
Rosemary não entregará seu chefe. Terá um ano sofrido, sem passaporte
diplomático, mas ficará firme. Afinal, Lula não sabia (dona Marisa
muito menos), e o amor sempre vence.
Como se vê, 2013 já foi. Se quiser uma passagem direta para 2014,
passe no caixa da revolução, que o pessoal da Rose na Anac arranja para
você.
Fonte: revista Época
Para consolar os excluídos, os que vivem miseravelmente sem acesso a
uma única teta do Estado brasileiro, uma ponderação: o Brasil se tornou
um país previsível, de rumo firme. Isso torna possível antecipar o que
acontecerá em 2013. Isso jamais seria possível antes do Descobrimento
(em 2003) – portanto, não reclame de barriga cheia.
Em março, Dilma Rousseff convocará a primeira cadeia nacional de
rádio e TV da série 2013. Fará um pronunciamento à nação pelo Dia
Internacional da Mulher. Falará com a voz embargada, sobre um fundo de
violinos, e, se a iluminação do estúdio estiver correta, parecerá ter os
olhos molhados. Encherá os brasileiros de orgulho por ser governados
por uma “presidenta” – palavra que seus assessores saberão encaixar no
discurso – e anunciará algum programa social novo, tipo Brasil Caridoso,
Brasil Sem Tristeza ou Brasil Fofo. Apresentará uma estatística
impressionante, encomendada ao Ipea e à FGV, mostrando que nos anos
Fernando Henrique lugar de mulher era na cozinha.
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