São Paulo - Crítico do Estado como agente planejador da economia, o
economista austríaco Friedrich von Hayek era ácido quando comentava o
papel do poder público como promotor da igualdade de renda. De acordo
com ele, isso só poderia ser conseguido por governos totalitários — à
custa das liberdades individuais.
A despeito disso, desde a segunda metade do século 20, países
democráticos são governados com a premissa de que o Estado deve
distribuir a riqueza. Alguns foram bem-sucedidos. Suécia, Noruega e Dinamarca
figuram no grupo das nações com melhor igualdade de renda e qualidade
de vida. São países inspiradores para nós, que convivemos com
disparidade de renda enorme.
Estamos na 73ª posição no ranking de desigualdade das Nações Unidas,
com indicadores de 134 países. O governo brasileiro até se propõe a
atuar para dividir melhor o bolo. Mas parte da dificuldade em diminuir
diferenças está no fato de que o Estado ajuda a provocar a desigualdade
que se propõe a combater.
A conclusão é dos pesquisadores Marcelo Medeiros e Pedro Souza, do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No artigo “Gasto
público, tributos e desigualdade de renda no Brasil”, eles mostram que a
ação estatal responde por um terço da concentração de renda no Brasil.
O estudo analisou o Índice de Gini, criado pelo italiano Corrado Gini,
em 1912, para medir a concentração de renda. Em 2009, o índice
brasileiro era de 0,561, numa escala que vai de zero (mais igual) a 1
(mais desigual). Os pesquisadores criaram uma fórmula para descobrir os
elementos que ajudam a concentrar e a distribuir a riqueza do país.
Foram analisadas sete variáveis: impostos diretos cobrados da
população, assistência social, remuneração dos funcionários públicos,
benefícios trabalhistas, previdência social, salário e outras rendas do
setor privado. A conclusão incômoda: apenas os dois primeiros fatores
ajudam a desconcentrar a renda. Todos os demais concentram.
(...) a reportagem segue no link da Exame.
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