Por André,
1) Qual aspecto te levou a escolher esta profissão?
Fui levado ao curso de Filosofia por inquietações pessoais. Queria saber tudo a
respeito do problema da existência de Deus, porém de uma perspectiva não
necessariamente comprometida (teologia), esse clássico problema filosófico me
dirigiu imediatamente à própria Filosofia, única, no meu entender, com as
ferramentas necessárias para responder a questão.
2) Você viu dificuldade em ingressar no mercado de trabalho logo após o término da faculdade?
Considerando
a carência de professores de Filosofia no Brasil, a entrada no mercado foi
fácil. Porém não apenas a vida docente cabe ao formado em Filosofia.
3) Quais as disciplinas da faculdade que você mais se identificou? Por quê?
Costumo
dizer que “meu” problema filosófico é o do conhecimento (o que podemos
saber/conhecer? Como podemos? O que conhecemos?), por se prestarem a responder
essas questões me identifiquei com as disciplinas de “Lógica” (antessala do
conhecimento), “teoria do conhecimento” (como e o que podemos conhecer?) e
“epistemologia” (o que conhecemos?).
4) O que o estudante deve ter em seu perfil para que se encaixe perfeitamente nessa carreira?
Basicamente
deve gostar muito de leitura. A ferramenta básica do filósofo é o texto,
produzido por outros filósofos e por si próprio, portanto, “escrever bem”
também é uma condição favorável. Interessar-se por discussões abstratas (o que
é pensar sobre pensar? O que é a realidade? Etc).
5) Em sua opinião, qual a característica essencial em um profissional de filosofia?
Isso
é uma resposta estritamente pessoal, mas penso que é essencial para o
profissional da Filosofia que saiba o que ela realmente é e não alimente os
preconceitos do senso comum, bem como não sustente crenças que solapam a
possibilidade da atividade filosófica.
6) Em sua opinião, quais são as vantagens e desvantagens da área?
As
vantagens são, na maior parte das vezes, de ordem estritamente pessoal, a
realização intelectual, uma compreensão ampla da realidade, a possibilidade de
diálogo/debate com todas as áreas do conhecimento e coisas semelhantes. As desvantagens podem ser de ordem
material/financeira, a atividade não é rentável e em grande parte das vezes não
se converte na publicação de livros e artigos, ninguém enriquece com a
Filosofia.
7) Qual a maior dificuldade de ser um profissional formado em filosofia no mercado atual?
Penso
que não haja “a” grande dificuldade, aquele que estuda Filosofia normalmente
está consciente do que o espera, para quem isso constitui uma dificuldade, a
maior delas é, de fato, o aspecto financeiro.
8) Quais os possíveis ramos de atuação na área de filosofia?
Basicamente
é a docência, embora a pesquisa, a tradução e o “jornalismo” (publicação de
artigos em revistas do gênero e jornais) sejam possibilidades em alta.
9) Que tipo de empresa contrata esse profissional?
O profissional da Filosofia
normalmente não é contratado por empresas.
10) Você acredita que a remuneração nesta área condiz com as funções que o profissional exerce?
Acredito
que como toda a função da docência em geral, a
remuneração não é proporcional à carga de trabalho.
11) A obrigatoriedade da filosofia no ensino médio, qual sua opinião?
Vi como algo positivo, a
necessidade do raciocínio crítico e lógico é cada vez mais evidente. A
disciplina havia sido suprimida à época da ditadura, sob a acusação do governo
de que os professores da área faziam propaganda de suas ideologias políticas.
Embora a acusação não seja de todo mentirosa, a solução não se dá pela via da
supressão estatal, mas sim pelo despertar de uma consciência crítica.
12) Existe muito preconceito com a relação a Filosofia? Explique.
Bastante. É tida como algo
enfadonho, chato e inútil. A última acusação, na verdade, não configura uma
acusação efetiva, a Filosofia de fato é inútil, no sentido estritamente
pragmático de utilidade; ela é Filosofia tão inútil quanto a arte, a matemática
avançada, a contemplação etc. Contudo não atribuo a culpa dessa pecha apenas ao
utilitarismo, mas aos próprios profissionais das ciências humanas em geral. Não
se pode fazer afirmações do tipo “não existem verdades” ou “não existe
racionalidade” (embora elas próprias tanto almejem ser verdadeiras quanto
tenham uma estrutura lógico-racional) e nutrir a expectativa de continuar sendo
levado a sério, o que me remete à minha resposta da questão 5.
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