Por Veja,
O Chile vive uma perspectiva de deixar os vizinhos mortos de inveja: a
de entrar para o time dos países ricos em curtíssimo prazo. Mantido o
ritmo atual de crescimento, faltam apenas doze anos para o país atingir
21.000 dólares de renda per capita. Esse patamar de renda - o triplo do
brasileiro - é o mínimo exigido para um país ser considerado de Primeiro
Mundo. VEJA foi ao Chile para conferir como vivem os primeiros
latino-americanos a alcançar este nível, e conta o que viu em uma
reportagem especial de sua edição desta semana.
A previsível mudança de categoria na comunidade internacional é fruto
de duas décadas em que a economia chilena cresceu a uma média anual de
5,2%, superior ao índice regional de 2,6%. Nesse período, as taxas de
criminalidade e de pobreza tornaram-se as mais baixas da América do Sul.
Estima-se que em 2020, quando o país deve entrar no grupo dos
desenvolvidos, seus indicadores sociais estejam iguais aos da Nova
Zelândia, um dos melhores do mundo.
A receita de sucesso - que bem poderia ser adotada como referência
pelos vizinhos - é um modelo econômico e político cuja estabilidade se
mantém há duas décadas. O Equador, com a mesma população do Chile, teve
sete presidentes nos últimos dez anos. A renda dos equatorianos, que na
década de 80 era igual, hoje é um terço da chilena. Desde 1990, os
índices de pobreza no Chile despencaram de 38,6% para 13,7% da população
e a indigência está próxima de ser erradicada. Cada ponto porcentual de
aumento do PIB representou uma diminuição de 1,5 ponto na taxa de
pobreza.
Com a redução da pobreza, o Chile conseguiu criar uma classe média
robusta. A classe C, considerada a porta de entrada para a sociedade de
consumo, representa 51% da população, contra 46% no Brasil. Se morasse
aqui, essa parcela de chilenos seria contada como classe A ou B, pois
sua renda média familiar é quatro vezes a brasileira (2 500 dólares,
contra apenas 620 dólares). Três em cada quatro chilenos moram em casa
própria. A desigualdade social, medida pelo índice Gini, ainda é alta,
mas está em queda desde 2000. A ascensão da nova classe média chilena
pode ser testemunhada nos bairros mais afastados da capital. Em Colina,
uma antiga favela na periferia de Santiago, a taxa de pobreza caiu de
29% para 12% em apenas seis anos.
Educação - O foco na educação é o que vai dar
sustentação de longo prazo para a redução da pobreza. Hoje, os jovens
chilenos de bairros pobres têm 2,5 vezes mais anos de estudo que seus
avós e 50% mais que seus pais. A educação primária e a secundária foram
universalizadas, e sete em cada dez universitários são os primeiros de
suas famílias a alcançar esse nível de ensino. Há no país um sistema que
estimula a concorrência de escolas públicas e privadas por alunos e
verbas do governo.
As medidas econômicas que colocaram o Chile à frente de seus vizinhos
foram impostas em um contexto autoritário pelo general Augusto
Pinochet. "A sabedoria dos governos democráticos foi reconhecer a
qualidade da política econômica da ditadura e conservá-la", disse a VEJA
o ministro das Relações Exteriores, Alejandro Foxley. Entenda por que
na íntegra da reportagem (exclusiva para assinantes).
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