Por Yahoo,
CARACAS, 13 Set (Reuters) - Pelo menos cinco jornais venezuelanos
deixaram de circular temporariamente nas últimas semanas devido à falta
de papel, em mais um problema de abastecimento que ameaça afetar a
popularidade do governo socialista.
Títulos de maior circulação dizem que podem enfrentar problemas se
forem mantidas as regras cambiais que causam restrições às importações.
Muitas outras publicações menores já reduziram seu número de páginas.
"Sem papel, (mas) voltaremos", dizia um título nesta semana na capa
do El Diario de Sucre, que interrompeu sua circulação, restrita ao
nordeste do país.
Os controles cambiais da última década fazem com que periodicamente
os venezuelanos se deparem com a ausência de produtos variados: de
farinha a papel higiênico e peças para motos.
Sem acesso a dólares, as empresas de comunicação também têm dificuldades para comprar tintas e equipamentos de impressão.
"A situação é mais crítica para os pequenos jornais no interior,
porque eles não importam papel diretamente", disse à Reuters Miguel
Henrique Otero, editor do El Nacional, jornal de circulação nacional
simpático à oposição.
"Eles compram de distribuidores ... que não estão entre as
prioridades" quando as autoridades destinam dólares às empresas, segundo
o jornalista.
Otero disse que editoras de revistas e livros também estão sendo afetadas.
O Ministério da informação não respondeu a um pedido da Reuters para comentar o assunto.
Apesar da ávida adoção de novas tecnologias pelos venezuelanos, os
jornais continuam sendo uma importante fonte de informação. Otero disse
que o seu e outros jornais importantes, como El Universal, Ultimas
Noticias e Panorama, por enquanto não foram afetados pelas restrições.
Críticos do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, dizem que as
restrições financeiras às empresas de comunicação equivalem a uma forma
de cerceamento da liberdade de expressão, algo que o governo nega.
Para obter acesso a dólares, importadores ficam em posição
privilegiada quando possuem um documento mostrando a necessidade de
adquirir produtos que não são fabricados localmente, caso do
papel-jornal.
"As pessoas vão inevitavelmente achar que a licença de importação
está sendo usada para sufocar (críticos do governo)", disse Claudio
Paolillo, funcionário da Associação Interamericana de Imprensa, com sede
em Miami.
Durante os anos em que esteve no poder, o antecessor e mentor
político de Maduro, Hugo Chávez, teve uma relação tensa com a imprensa
privada, acusando-a de tentar sabotar seu governo. Comentaristas ligados
à oposição habitualmente o chamavam de ditador.
Desde que Maduro foi eleito, em abril, o cenário mudou. Investidores
identificados pela imprensa local como sendo próximos ao governo
adquiriram e na prática neutralizaram o canal de TV Globovision, que já
foi a principal plataforma da oposição, e o maior conglomerado midiático
privado, a Cadena Capriles.
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