A segurança do Bolsa Família tem um significado tão forte para os
moradores de Manari - como de muitos outros lugares no País - que
rivaliza até mesmo com um emprego com salário bem mais alto. Quando o
repórter do Estado estava na Secretaria de Assistência Social, uma
mulher veio perguntar se, uma vez aceitando um emprego com carteira
assinada no Espírito Santo, o seu cartão do Bolsa Família, que vence em
breve, não seria renovado. O funcionário respondeu que sim. A mulher,
que tem um filho, disse ao Estado que então provavelmente não aceitaria o
emprego. "Depois volto e fico sem cartão", teme ela. "Não quero ficar
sem o cartão." A mulher, que pediu para não ser identificada, disse que o
salário oferecido era de R$ 700, para trabalhar de empregada doméstica.
Ela recebe R$ 150 do Bolsa Família, e mais R$ 60 por mês como empregada
doméstica em Manari - onde salários tão baixos são comuns. O
funcionário contou que frequentemente as pessoas em Manari rejeitam
empregos com receio de perder o Bolsa Família.
L.S.
Isto faz sentido, porque do ponto de vista dela, ela não recusou um emprego de 700 reais, mas um aumento de 490 reais em troca de perder estabilidade. É por isso que qualquer tipo de ajuda governamental deve ser exclusivamente emergencial e com data pré-definida para terminar - isso supondo que exista alguma ajuda se justifique. A gratuidade tem efeito tóxico sobre as pessoas e desmotiva qualquer esforço em prol de atingir uma melhor situação.
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