Por Publico Portugal,
São 16 os produtos que faltam permanentemente nas prateleiras das lojas
venezuelanas e muitos deles são de primeira necessidade. Trata-se de um
dado oficial, que consta do relatório do banco central de Caracas
divulgado este fim-de-semana.
Os inspectores do banco fizeram uma listagem dos produtos que podem ser
comprados nas lojas de Caracas e concluíram que há "sérios problemas de
abastecimento", tão sérios que ao problema tem de se chamar "escassez".
Em 98,8 de cada grupo de 100 lojas de Caracas faltava óleo de milho; em
84,3 faltava leite; em 80,8 faltava açúcar; em 73 farinha de milho; em
64,3 farinha de trigo; em 58,4 não havia manteiga. Outros produtos
difíceis de encontrar: carne de bovino, queijo, margarina e frango.
No campo dos produtos de higiene os dados oficiais também mostram
carência, com falta de papel higiénico (em Setembro não havia este
produto em 79 de cada cem lojas de Caracas), de champô, de sabonete e de
pasta de dentes. "Esta é uma economia em que a oferta e a procura estão
divorciadas", dizia ontem o jornal venezuelano El Universal na sua edição online.
Os analistas explicam que esta escassez se deve a muitos factores, a
maior parte deles relacionados com a gestão do país. E, em primeiro
lugar, põem a política de controlo dos preços por parte do Governo, que
desmotivou os produtores e fez baixar os níveis de produção - um
controlo que tem sido mantido e que deverá continuar, porque é a única
forma de o Governo lidar com a inflação, que já vai em 48% e deve chegar
aos 50% no fim do ano; a previsão para 2013 era de 14-15%.
Muitas empresas optaram por reduzir substancialmente a quantidade de
produtos que saem das suas linhas de fabrico, porque fica mais barato do
que produzir com prejuízo. Outras (o Presidente, Nicolás Maduro, diz
que são a maioria) produzem para exportar (sobretudo para a Colômbia),
através de rotas de mercado negro onde conseguem lucros de 500%. As
marcas de fraldas, de champôs, de pastas de dentes, de sabonetes fazem
desaparecer os seus produtos, desencantados que estão com o Governo que,
em Junho, chegou a anunciar que iria permitir um aumento nos preços de
certos produtos, entre os 3% e os 24%, mas que nunca pôs a medida em
prática.
Comandos antigolpe
A produção das empresas estatais também baixou consideravelmente,
perante a escassez de matéria-prima (demasiado cara e de exportação) e
as falhas constantes de energia.
Maduro acusa a oposição e países estrangeiros por este estrangulamento
económico. E o seu ministro da Alimentação, Féliz Osório, anunciou que
entre Novembro e Dezembro entrarão no país todos os produtos em falta.
"Estamos a preparar uma operação maciça." O Governo de Caracas prepara a
importação de 400 mil toneladas de alimentos e produtos de higiene que,
diz o jornal espanhol El País, serão pagos com dólares, com
títulos que fazem parte dos porte-fólios das empresas estatais e
negociando dívidas (países que devem dinheiro à Venezuela pagarão em
géneros).
A par desta operação de importação de grande escala, Maduro tomou outra
decisão para travar o "golpe continuado" contra a Venezuela, a "guerra
económica e de sabotagem a instalações estratégicas". Anunciou o
regresso dos "comandos antigolpe" cívico-militares, criados por Hugo
Chávez quando instituiu a revolução socialista bolivariana na Venezuela.
Haverá um em cada capital de distrito para guardar, precisamente, as
empresas e os sectores estratégicos.
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