Por André,
Me pediram uma resposta simples e objetiva sobre meu posicionamento à direita do espectro político, a resposta foi o que segue:
Então, é difícil responder isso num espaço curto, mas vou tentar, sem
ser "poético" (como fui aquele dia que você me pediu pra definir
conservadorismo em aula).
Acho
importante firmar uma distinção aqui: entre justificação prática e
justificação teórica. Eu poderia aqui, logo de cara, dizer que sou de
direita simplesmente porque TODOS os experimentos de implante de
governos de esquerda deram errado, portanto, a História alimenta meu
ceticismo político e me afasta de posicionamentos de esquerda. Mas acho
que colocar a justificação prática antes da teórica é um erro, pois eu
simplesmente estaria justificando meu "não-esquerdismo" em vez de
justificar minha posição à direita do espectro político. Eu adotaria uma
postura "negativa" sendo que você me pede motivos para me postar à
direita.
Como diz o Roger Scruton "o
socialismo não deu errado, o socialismo é errado"; é o que eu disse
aqui: a justificação teórica vem antes da prática. O socialismo não se
corrompeu e gerou aberrações como URSS, Coréia do Norte, Camboja, o
socialismo era e é uma doutrina corrompida.
A
razão essencial para eu ser de direita é porque o foco dela é no
indivíduo e não no coletivo. Basicamente é isso. Não posso esmagar um
indivíduo em nome do "bem da coletividade", do "bem de todos", da
"vontade geral", do futuro distante onde tudo será bonito. O lema dos
socialistas pra justificar mazelas sempre foi que "para fazer uma
omelete é preciso quebrar os ovos", o problema é que a omelete prometida
nunca veio e a busca por ela só gerou banhos de sangue. Portanto, opto
pela direita pois é aquela que elege o indivíduo como seu centro de
gravitação.
Depois, uma
característica distintiva e essencial para diferenciar esquerda de
direita é o caráter REVOLUCIONÁRIO da primeira e o caráter reformista da
segunda. Se por um lado é ingênuo crer que a razão humana pode
rearranjar TODA a sociedade (definindo revolução nesse sentido: mudança
radical de TUDO) PARA MELHOR a partir da política, ora diabos,
aprendemos alguma coisa com a História, caramba! A menos que o
revolucionário possa sustentar o ônus fortíssimo de que TUDO que fizemos
até agora (democracia liberal, expectativa de vida de 80 anos, viagem à
Lua etc. etc. etc.) é ruim a ponto de merecer ser jogado fora pra
colocar algo que até hoje nunca veio e que as tentativas só deram
errado, penso que a condição revolucionária deve ser descartada como
ingênua (no passado) ou desonesta (para os dias atuais). Portanto,
devido a direita não ser revolucionária - num sentido estrito, doutrinas
revolucionárias (não falo da revolução americana, por exemplo), que
propunham ou propõem uma nova ordem total: nazismo, comunismo, islã etc.
etc. - eu me alinho a ela.
[Só
esclarecendo um ponto que sempre gera imbróglio: a direita conservadora
NÃO é contrária às mudanças, isso é uma imprecisão técnica ou uma
acusação desonesta. Primeiro porque como alertava Oakeshott, se manter
alheio às mudanças é impossível; depois porque não pensamos que "tudo que está aí" deve ser mantido, muito pelo
contrário, Nietzsche já alertava que os socialistas são os verdadeiros
reacionários (reação a QUALQUER mudança). Apenas achamos que vale mais a
pena lutar pela manutenção do que amamos do que pela destruição do que
odiamos (daí a clareza da acusação de dizer que a esquerda é ressentida:
quer destruir tudo e todos).
gostei
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