Por UOL,
O PSDB decidiu medir o espaço dedicado aos presidenciáveis nos
telejornais da TV Globo. Monitorou o ‘Bom Dia Brasil’, o ‘Jornal
Nacional’ e o ‘Jornal da Globo’. Os tucanos ficaram de bico aberto com o
grau de exposição da presidente-candidata Dilma Rousseff na emissora de
maior audiência do país.
Nos últimos dois meses, constatou a
legenda, as reportagens protagonizadas por Dilma ocuparam 64 minutos nos
três telejornais da Globo. No mesmo período, as notícias estreladas
pelo tucano Aécio Neves preencheram 1 minuto e 30 segundos. O noticiário
envolvendo Eduardo Campos, opção presidencial do PSB, durou 8 minutos e
40 segundos.
É natural que Dilma apareça mais nos meios de
comunicação. Da vitrine do Planalto, um espirro dela chamará mais a
atenção das manchetes do que uma pneumonia dos rivais. Ainda assim, o
PSDB espantou-se com a superexposição da candidata do PT. Atribui o
fenômeno a atos de campanha camuflados na agenda da presidente como
eventos oficiais.
Eduardo Campos roçou os 9 minutos na tela da
Globo por causa do rebuliço provocado por sua aliança com Marina Silva,
um fato de alta relevância jornalística. Aécio só não teve menos de um
minuto porque virou notícia ao criticar a ação do ministro José Eduardo
Cardozo (Justiça) no inquérito da PF sobre o cartel suspeito de fraudar
licitações de trens e do metrô em São Paulo.
Foi contra esse pano de fundo que Aécio disse ao blog
no último domingo, ao comentar a liderança de Dilma no Datafolha, que
“a presença da presidente nas mídias de massa é avassaladora”. Na sua
definição, há hoje “um monólogo”, não uma disputa real. Acha que a coisa
tende a ficar menos desigual só partir de março de 2014.
Também no domingo, em artigo
veiculado em vários jornais, Fernando Henrique Cardoso, grão-mestre do
PSDB, também realçou a desigualdade da contenta. “A candidata oficial,
pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de
comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a
campanha eleitoral, entramos já em período de disputa.” Para complicar,
anotou FHC, as oposições estão “berrando pouco''.
A expectativa de
Aécio, compartilhada por Eduardo Campos, é a de que os eleitores que
anseiam por mudanças prestarão mais atenção à oposição quando os fatos e
a legislação eleitoral elevarem a taxa de holofotes dos contendores de
Dilma. Segundo o Datafolha, 66% dos brasileiros preferem que o próximo
presidente tome decisões mojoritariamente diferentes das que Dilma
adotou.
Os antagonistas do PT atribuem mais importância a esse
dado do que aos índices de intenção de voto: 47% para Dilma, contra 19%
atribuídos a Aécio; e 11% a Campos. Os antipetistas recordam que faltam
mais dez meses para a eleição. E invocam precedentes. Em 2009, nessa
mesma fase do ano, o tucano José Serra liderava todas as pesquisas
eleitorais.
Numa sondagem do Datafolha divulgada em 20 de dezembro
de 2009, Serra aparecia com 37% das intenções de voto. Empurrada pelo
prestígio de Lula, Dilma amealhava 23%. Vinham a seguir Ciro Gomes
(PSB), com 13%; e Marina Silva (PV), com 8%.
Só dali a cinco
meses, num Datafolha veiculado em 22 de maio de 2010, Dilma empataria
com Serra. Ambos tinham nessa época 37%. Numa articulação com Eduardo
Campos, presidente do PSB, Lula conseguira empurrar Ciro Gomes para fora
do tabuleiro. Restava Marina Silva, com 12%.
Na semana anterior, o
PT levara ao ar, em cadeia nacional de rádio e tevê, uma propaganda
partidária de 10 minutos e várias inserções de 30 segundos. Dilma
estrelava as peças ao lado de Lula, que a apresentava como herdeira de
sua administração.
Decorridos quase três meses, veio à luz em 15
de agosto, o Datafolha que registrou pela primeira vez a ultrapassagem
de Dilma sobre Serra. Deu-se num cenário em que a cobertura jornalística
da eleição havia se intensificado. Os candidatos participavam de
debates e entrevistas. Após uma estabilização que se prolongava desde
maio, Dilma foi a 41%, contra 33% de Serra e 10% de Marina.
Nessa
ocasião, a menos de dois meses da eleição, o brasileiro já soava mais
convicto —72% dos entrevistados declaravam-se totalmente decididos. Num
cenário de continuidade, 76% identificavam Dilma com Lula. A partir daí,
ela cresceu mais, Serra perdeu gordura e Marina roçou a casa de 20% dos
votos válidos, provocando o segundo turno em que a petista derrotaria o
tucano.
O que há de diferente agora é o sentimento de mudança
verbalizado por dois terços do eleitorado. Resta saber se Aécio e Campos
terão o que dizer quando os refletores e os eleitores se dispuserem a
ouvi-los com mais atenção.
Se a vontade de mudança sobreviver até
meados de 2014, nada impede que o marketing do PT venda Dilma como
ex-Dilma. De resto, é preciso levar em conta que Lula preserva a
capacidade de influir no processo. Nos cenários em que o nome dele é
testado, o padrinho de Dilma ainda prevalece no primeiro turno.
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