Os "Cadernos de teses" do PT causaram um boom nas redes. Me abstive de quaisquer comentários no momento. Tanto porque não sabia exatamente o seu significado mais concreto, a razão dos mesmos terem sido liberados ao público e seu conteúdo assustador, como por exemplo, coisas como a estatização da rede Globo. Um comentário pertinente a esses cadernos podem ser lidos no site Reaçonaria, o texto é de autoria do amigo Filipe Martins.
A ideia que o PT é comunista ou socialista segue sendo objeto de escárnio pois se trataria, mais uma vez, de "teoria da conspiração". A saída pela tangente não engana só os mais inocentes, até críticos ferozes do PT como Marco Antonio Villa acham que o PT não é comunista porque não quer ou não está socializando os meios de produção. É como ver um objeto tal e decidir se o tal objeto é ou não o que se diz que é apenas após uma conferida no verbete do dicionário. Um equívoco pueril.
Se a explicação mais teórica, mostrando que a mudança de estratégia da esquerda revolucionária já se passou e discutir se quaisquer adesões - pequenas ou grandes - ao capitalismo denotam ou não traição da causa é puro engodo, talvez a fala de petistas jurássicos ajude algumas pessoas a entender a questão. O fato do PT não estar enforcando burgueses não quer dizer em nenhum sentido que o partido tenha cedido um milímetro sequer em sua estratégia de poder socialista.
No vídeo acima fica claro que a vertente revolucionária economicista está totalmente superada e que duas palavras costuram praticamente todas as falas: hegemonia e projeto. O que sempre esteve e continua em jogo é um projeto de poder que visa a implementação de uma hegemonia socialista que vai muito além da socialização dos meios de produção.
Emir Sader fala claramente na versão revolucionária gramsciana no início do vídeo: a questão é estabelecer uma hegemonia de valores a ponto até que seus adversários usem sua linguagem, compartilhem os seus valores e estejam encarcerados pelas suas categorias de pensamento. Ter a força de um imperativo categórico, como dizia o próprio Gramsci. Mesmo que a luta armada seja justa (sim, para o nobre Emir Sader, ela é), ela é, nas palavras do próprio, ineficiente.
Depois descobrimos que a estratégia do PT pode ser chamada de "democratização profunda". AO nome do processo de criação de um ambiente em que todos pensam como militantes petistas é "democratização". O processo democrático tal como está aí serve para extirpar partidos de esquerda. A discussão de minúcias econômicas como taxa de superávit não é relevante para esse processo de democratização.
A prisão de Vaccari foi "um momento duro". A despeito de todas as acusações, certamente mais um embuste armado pelos imperialistas que querem proibir pobres de andar de avião, o mesmo deveria ter tido seu cargo resguardado.
Embora após quinze (??) anos de governança petista, o processo de disputa sobre a CONSCIÊNCIA do "povo" brasileiro ainda não foi dado.
O feminismo petista é anticapitalista. Antirracista porque antineoliberal (???). Não há feminismo sem socialismo. À parte da querela de que existem "esquerdaS" e não uma esquerda, torno a enfatizar o caráter unitário das esquerdas na escolha de seus inimigos de front. Feminismo supostamente não é femismo, misandria, anti-homenismo etc, mas não há militância feminista dissociada de anticapitalismo.
Outro tema central aos debates foi a questão da imprensa. A proposta inicial é retirar qualquer subsídio da imprensa que, de alguma forma, atravanca o avanço da agenda de "democratização" petista. Jornais ""da sociedade"" e dos movimentos sociais devem receber o dinheiro. A comunicação é um problema.
E por fim, mas não menos importante, onde estavam os black blocks para detonar com os manifestantes da Paulista?
Alguém ainda acha que o PT não é um partido de esquerda que quer implantar o socialismo só que não pela via da força e da socialização forçada dos meios de produção?
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