De vez em quando pérolas da prosa são encontradas nos sites de partidos de extrema-esquerda como PSTU ou PCO. Numa classificação bastante chula, eu diria que a divisão entre essas "duas" esquerdas seria entre uma pragmático-estratégica e outra teórica; PT, PSOL, PCdoB se enquadram na primeira categoria, aqueles primeiros nesta última. Enquanto para a esquerda governista a alma é um item supérfluo de barganha, vendido ao Mefisto numa pechincha corriqueira, para os teóricos o esquema marxista de expropriação da burguesia e ditadura do proletariado ainda precisa ser seguido à risca.
A esquerda governista se vende por verbas, cargos e poder, por isso defende tão avidamente a tese do golpe. A esquerda teórica rejeitou esse pacto, logo, está livre para não se associar a essa narrativa mítica. Contudo, isso não é, caro leitor, uma defesa de uma ou da outra, na essência as duas são a mesma coisa, apenas escolheram caminhos diferentes para chegar no mesmo lugar. As duas rejeitam o jogo democrático, mas a honestidade de admitir isso por parte da esquerda teórica é digna de nota:
Além disso, uma verdadeira oposição de esquerda socialista não defende o Estado de Direito. Muito menos a Constituição totalmente reacionária que temos. Em geral, o Estado de Direito e o chamado regime democrático são verdadeiras ditaduras da burguesia disfarçadas pelo direito de escolher, a cada quatro anos, os governantes que vão explorar o povo.
Para toda e qualquer esquerda (esquerda e não centro-esquerda, como a social-democracia), os aparatos democráticos do "estado burguês" são meros mecanismos de manutenção da "exploração da burguesia", formas de dar continuidade ao status quo. A esquerda pragmática, que se serve desses mecanismos mesmo rejeitando-os no campo teórico, o faz por puro interesse estratégico, como todos os totalitarismos fizeram conforme a ocasião ditou a necessidade.
A pérola pode ser lida inteira aqui.
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