Neste pequeno livro (Cioran era avesso aos "grandes tratados"), minha segunda leitura de 2017, Cioran deixa completamente nus os crentes no progresso histórico, na utopia e no otimismo.
Cada parágrafo é uma martelada - talvez devêssemos atribuir igualmente a alcunha de "filósofo do martelo" a Cioran", o poder de concisão de Cioran certamente é das coisas mais admiráveis da história da prosa - considerando que o romeno percorreu o caminho das pedras para escrever fluentemente em francês.
Há neste livro um excelente ensaio sobre a Rússia, que surpreende pelo caráter profético e confere um interesse extra na obra.
Dela, pinço o seguinte trecho:
"Ao divinizar a história para desacreditar Deus, o marxismo só conseguiu tornar Deus mais estranho e mais obsedante. Pode-se sufocar tudo no homem, salvo a necessidade de absoluto, que sobreviverá à destruição dos templos, e mesmo ao desaparecimento da religião sobre a Terra. E como a essência do povo russo é religiosa, ela inevitavelmente se reerguerá" (p. 34).
Embora certamente Cioran jamais se enfileiraria aos conservadores, sua crítica destruidora das utopias e das ideologias joga mais água em nosso moinho que no moinho revolucionário,
Nenhum comentário:
Postar um comentário
1. Seja polido;
2. Preze pela ortografia e gramática da sua língua-mãe.